Contradições na “COP da Verdade” Fortalecem “Falha Moral”

 

Fonte: Agencia Pública

As contradições expostas na COP30, através da exploração de petróleo na Foz do Amazonas, enterraram o discurso do Presidente Lula de chamá-la de “COP da Verdade” e fortaleceram o discurso da “Falha Moral”, do Secretário Geral da ONU,  António Gutteres, permitindo que o aquecimento global supere 1,5º C.

Até parece que o mundo está brincando de COPs, sem preocupações com a manutenção dos combustíveis fósseis, maiores responsáveis pelo aumento da temperatura no planeta. Enquanto o secretário-geral da ONU criticou empresas de petróleo, gás e carvão, que enganam a sociedade e desviam dinheiro da saúde e educação, o Presidente Lula e governos anteriores demonstraram defender grandes corporações, reconhecidas pela destruição ambiental no Brasil.

É muito estranho e grande contradição a proposta de um fundo para manter as florestas, aumentando a produção de combustíveis fósseis. Quem vai acreditar que bilhões ou trilhões vão aparecer, quando nunca apareceram, apesar da insistência em COPs anteriores? Neste caso, a chamada “COP da Verdade” pode ser vista como mais uma COP do BLÁ, BlÁ, BlÁ e uma grande festa para muitos.

Assim sendo, a “hora da verdade” e o chamado “mapa do caminho” já passaram. Na COP28 foi demonstrado que as corporações de petróleo foram privilegiadas neste mapa do caminho. A contradição de propor explorar combustíveis fósseis e deixar de explorá-los está exposta na COP30. Sabemos ainda que muitos governantes e seus lobbies acompanhantes  e representantes das grandes corporações gananciosas usam as COPs para perpetuar seus lucros.

Paulo Artaxo, professor da USP e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, disse: "Sem acabar com a exploração e o uso dos combustíveis fósseis, qualquer decisão que se tome na COP vai se tornar totalmente inócua, porque as mudanças climáticas vão continuar a se agravar, nós vamos ter degradação florestal na Amazônia, que vai começar a perder carbono para a atmosfera".

Foi noticiado que  o bilionário australiano, Andrew Forrest, fundador da Mindroo Foundation e da mineradora Fortescue Group, vai financiar a conservação de florestas tropicais. Por que o governo brasileiro não impõe um imposto sobre os lucros de corporações brasileiras, que estão aí destruindo a natureza? Por que o atual governo e os demais financiaram corporações como a JBS, que estão fazendo o mesmo?

O mundo vem sendo alertado, desde há muito tempo, pela comunidade científica mundial sobre os riscos das mudanças climáticas, com consequências desagradáveis em todo o mundo, mas as grandes corporações de petróleo não estão preocupadas com isto. Além disto, as últimas COPs foram realizadas em países autoritários, que não permitiram uma participação ativa e crítica de ativistas da sociedade civil.

A grande vantagem da COP30 é ser realizada num país democrático, que abriu caminhos de participação da sociedade civil e mobilizações de ativistas, que vão mostrar que o rei está nu. O combate aos combustíveis fósseis tem que ser duro e, se formos depender de nossos governantes e das corporações, nada vai acontecer.

Assim sendo, não dá mais para esperar que as COPs definam um mapa do caminho. As falhas morais estão aí. Recentemente a Geração Z derrubou governos e se manifestou contra outros, indiferentes às mudanças climáticas, corrupções e outras falhas morais.

Urge, pois, que não só a Geração Z, mas todas as gerações se mobilizem no mundo contra as mudanças climáticas, principalmente contra a ganância da indústria petrolífera. Infelizmente, o comportamento de muitos governantes nas COPs, ao longo dos anos, se assemelha ao episódio bíblico de anjos caídos, jogados no planeta terra para as práticas do mal.

Estamos sendo enganados, mas ainda temos tempo de agir, antes de morrer afogados, queimados ou soterrados pelas mudanças climáticas, vendo muitos brincando com a sobrevivência da humanidade.

Mesmo assim, vamos acompanhar durante esta semana as deliberações finais da COP30, dando um crédito a muitas organizações da sociedade civil que pensam como nós e aos que estarão lá nas manifestações de rua, defendendo a natureza e as populações indígenas.

Por fim, estamos numa luta das forças do mal contra as do bem e precisamos urgentemente corrigir falhas morais, sem as contradições que tentam adiar o que já deveria ter sido feito.

As falhas morais e negligências com as mudanças climáticas, registradas nos desastres de Porto Alegre, Rio Bonito do Iguaçu e muitos outros devem nos levar às ruas contra a ganância da indústria petrolífera, do desmatamento e conivências da classe política. 


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