Contradições na “COP da Verdade” Fortalecem “Falha Moral”
Até parece que o mundo está brincando de COPs, sem
preocupações com a manutenção dos combustíveis fósseis, maiores responsáveis
pelo aumento da temperatura no planeta. Enquanto o secretário-geral da ONU
criticou empresas de petróleo, gás e carvão, que enganam a sociedade e desviam
dinheiro da saúde e educação, o Presidente Lula e governos anteriores demonstraram
defender grandes corporações, reconhecidas pela destruição ambiental no Brasil.
É muito estranho e grande contradição a proposta de um
fundo para manter as florestas, aumentando a produção de combustíveis fósseis.
Quem vai acreditar que bilhões ou trilhões vão aparecer, quando nunca
apareceram, apesar da insistência em COPs anteriores? Neste caso, a chamada
“COP da Verdade” pode ser vista como mais uma COP do BLÁ, BlÁ, BlÁ e uma grande
festa para muitos.
Assim sendo, a “hora da verdade” e o chamado “mapa do
caminho” já passaram. Na COP28 foi demonstrado que as corporações de petróleo foram
privilegiadas neste mapa do caminho. A contradição de propor explorar combustíveis
fósseis e deixar de explorá-los está exposta na COP30. Sabemos ainda que muitos
governantes e seus lobbies acompanhantes
e representantes das grandes corporações gananciosas usam as COPs para
perpetuar seus lucros.
Paulo Artaxo, professor da USP e membro do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, disse: "Sem acabar com a
exploração e o uso dos combustíveis fósseis, qualquer decisão que se tome na
COP vai se tornar totalmente inócua, porque as mudanças climáticas vão
continuar a se agravar, nós vamos ter degradação florestal na Amazônia, que vai
começar a perder carbono para a atmosfera".
Foi noticiado que
o bilionário australiano, Andrew Forrest, fundador da Mindroo Foundation
e da mineradora Fortescue Group, vai financiar a conservação de florestas
tropicais. Por que o governo brasileiro não impõe um imposto sobre os lucros de
corporações brasileiras, que estão aí destruindo a natureza? Por que o atual
governo e os demais financiaram corporações como a JBS, que estão fazendo o
mesmo?
O mundo vem sendo alertado, desde há muito tempo, pela
comunidade científica mundial sobre os riscos das mudanças climáticas, com
consequências desagradáveis em todo o mundo, mas as grandes corporações de
petróleo não estão preocupadas com isto. Além disto, as últimas COPs foram
realizadas em países autoritários, que não permitiram uma participação ativa e
crítica de ativistas da sociedade civil.
A grande vantagem da COP30 é ser realizada num país
democrático, que abriu caminhos de participação da sociedade civil e
mobilizações de ativistas, que vão mostrar que o rei está nu. O combate aos
combustíveis fósseis tem que ser duro e, se formos depender de nossos
governantes e das corporações, nada vai acontecer.
Assim sendo, não dá mais para esperar que as COPs
definam um mapa do caminho. As falhas morais estão aí. Recentemente a Geração Z
derrubou governos e se manifestou contra outros, indiferentes às mudanças
climáticas, corrupções e outras falhas morais.
Urge, pois, que não só a Geração Z, mas todas as
gerações se mobilizem no mundo contra as mudanças climáticas, principalmente
contra a ganância da indústria petrolífera. Infelizmente, o comportamento de
muitos governantes nas COPs, ao longo dos anos, se assemelha ao episódio
bíblico de anjos caídos, jogados no planeta terra para as práticas do mal.
Estamos sendo enganados, mas ainda temos tempo de
agir, antes de morrer afogados, queimados ou soterrados pelas mudanças
climáticas, vendo muitos brincando com a sobrevivência da humanidade.
Mesmo assim, vamos acompanhar durante esta semana as
deliberações finais da COP30, dando um crédito a muitas organizações da
sociedade civil que pensam como nós e aos que estarão lá nas manifestações de
rua, defendendo a natureza e as populações indígenas.
Por fim, estamos numa luta das forças do mal contra as
do bem e precisamos urgentemente corrigir falhas morais, sem as contradições que
tentam adiar o que já deveria ter sido feito.
As falhas morais e negligências com as mudanças
climáticas, registradas nos desastres de Porto Alegre, Rio Bonito do Iguaçu e
muitos outros devem nos levar às ruas contra a ganância da indústria
petrolífera, do desmatamento e conivências da classe política.
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